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domingo, 21 de agosto de 2011

Revista Época entrevista Pr: Silas Malafaia


QUEM É
Carioca de 52 anos, é o pastor líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Formado em psicologia pela
Universidade Gama Filho, é casado e tem três filhos


O QUE FAZ
Há 29 anos apresenta programas na TV, exibidos em rede nacional e no exterior


O QUE FEZ
Publicou mais de 100 livros e diz ser o pastor que mais vende DVDs de mensagem no Brasil, cerca de 1 milhão
de cópias por ano


ÉPOCA – O senhor é pastor da Assembleia de Deus, mas, diferentemente de outros
líderes evangélicos, é muito ouvido por fiéis de outras denominações. Qual é a diferença?
Silas Malafaia – Estou na TV há 29 anos ininterruptos e nunca fiz programas para a Assembleia de Deus.
Então, o pessoal me codifica como um pregador. Faço um programa interdenominacional. Sempre trabalhei
como uma voz apologética em defesa da fé. Por causa disso, acabei conquistando espaço entre outros segmentos.
Hoje, existem quatro pastores em rede nacional: Edir Macedo, da Universal, R.R. Soares, da Internacional da Graça,
Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, e eu. Sou o único que sempre fiz programa para todo mundo.
Não porque sou bom. É porque não tem espaço, amigo.

ÉPOCA – As igrejas evangélicas ainda têm uma imagem muito estigmatizada entre os não evangélicos.
Por que, em sua opinião?
Malafaia – Isso mudou muito, irmão. Hoje, essa história de imagem estigmatizada é cafezinho. Antigamente, nego
só botava coisa ruim sobre os evangélicos na televisão, nos jornais. Era só cacete em cima de pastor. Agora tem
jogador de futebol evangélico, artista...

"Antigamente, nego só botava coisa ruim sobre os evangélicos na televisão, nos jornais.
Agora tem jogador de futebol evangélico, artista..."

ÉPOCA – O senhor acha que alguns líderes evangélicos ajudaram a criar essa imagem estigmatizada?
Malafaia – É aquela história de perdas e ganhos que todo segmento social sofre. Algumas atitudes fizeram a gente
perder, outras fizeram ganhar. Tome o exemplo da Universal e do Edir Macedo. Ele ajudou em algumas coisas e
em outras. Ele é um cara que fez a igreja evangélica despertar para um evangelismo ousado, igreja aberta o tempo
todo. Antes, as igrejas evangélicas abriam duas vezes por semana à noite. O Macedo é que arrebentou com isso,
entende? O lado ruim da coisa é o sincretismo.

ÉPOCA – Qual é sua relação com o bispo Edir Macedo?
Malafaia – A Bíblia tem um texto que diz assim: “Poderão andar dois juntos se não estiverem de acordo?”. Eu já
ajudei o Macedo quando ele foi preso, mas eles são separatistas, só veem o lado deles. Então, não me presto a andar
com uma pessoa que só quer andar com mão única para ela. Sou a favor de mão dupla: para lá e para cá, entende? O
Macedo está isolado, todo mundo sabe. Eles só são evangélicos para os outros quando estão com dor de barriga,
quando o pau está quebrando em cima deles ou então por interesse político. A comunidade evangélica está madura
e não se presta mais a isso.

ÉPOCA – Nos bastidores, circulou a notícia de que o senhor estaria apoiando o PSD, o partido que o prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab, quer construir. Procede?
Malafaia – Amigo, não apoio partido nenhum. Apoio pessoas. Meu irmão (o deputado estadual Samuel Malafaia
, do PR-RJ) está querendo ir para lá (o PSD), mas isso é problema dele.

ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre Kassab?
Malafaia – Nada a falar contra ele.

ÉPOCA – Mas, no passado, o senhor já se desentendeu com ele...
Malafaia – Eu o critiquei quando ele fechou uma igreja evangélica do apóstolo Valdemiro Santiago. Ser amigo
ou respeitar alguém não significa ser capacho ou concordar com tudo o que essa pessoa faça.

ÉPOCA – Na eleição presidencial do ano passado, o senhor apoiou Marina Silva no início. Ainda no primeiro
turno, passou a pedir voto para o José Serra. Por que mudou de lado?
Malafaia – Pior do que um ímpio é um cristão que dissimula. A Marina, membro da Assembleia de Deus, sabe que,
como uma pessoa de fé, não pode negociar sobre questões de aborto nem de homossexualismo. Ela era contra o
aborto, mas por que dizia que faria um plebiscito? Ela quis dar de bacana, jogar para a galera, e eu falei não. Qualquer
um podia fazer aquilo, menos ela, por suas convicções de fé.

ÉPOCA – Por que o José Serra?
Malafaia – Acredito que tinha de me posicionar. Naquele momento, o Serra era o mais adequado para isso. Ele
mantinha uma posição firme sobre aborto, que foi o grande debate da campanha desde lá atrás. A Dilma dissimulou
a história. Ela se posicionou a favor do aborto para a revista Marie Claire, depois mudou o discurso. O único que se coadunava com meus valores e crenças era o Serra.

ÉPOCA – Em sua opinião, o debate de questões religiosas deverá se repetir nas próximas disputas eleitorais?
Malafaia – É lógico. Amigo, hoje em dia governante vai ter de dizer em que princípios acredita. Vai ter de botar
a cara, porque a comunidade evangélica está bem esperta, madura. Não vai dar para ficar em cima do muro. Não
queremos que nenhum político tenha a ideia de que lutamos por uma República evangélica e que, por isso, ele tem
de abraçar nossos princípios e mandar todo o mundo às favas. Não estou dizendo também que o cara, para ter
apoio dos evangélicos, tem de odiar os homossexuais. Não é radicalismo imbecil e idiota. Se um governante
apoiar leis que privilegiam homossexuais em detrimento da sociedade, vamos cair em cima. Hoje, sou a maior
barreira que existe para aprovarem a lei que criminaliza a homofobia. E, se abrir a boca para dizer que apoia o aborto,
vai ficar feio também.

ÉPOCA – O que é, em sua opinião, a homossexualidade?
Malafaia – O homossexualismo é comportamental. Uma pessoa é homem ou mulher por determinação genética, e
homossexual por preferência apreendida ou imposta. É um comportamento. Ninguém nasce homossexual. Não existe
ordem cromossômica homossexual, não existem genes homossexuais. O cromossomo de um homem hétero e de
um homem homossexual é a mesma coisa. O resto é falácia, é blá-blá-blá. Só existe macho e fêmea, meu amigo.

ÉPOCA – Por que o comportamento homossexual se desenvolve?
Malafaia – A Bíblia diz que, aos homens que não se importaram em ter conhecimento de Deus, Ele os entregou
um sentimento perverso para fazerem coisas que não convêm. Do ponto de vista comportamental, é promiscuidade
mesmo, meu amigo. O ser humano quer quebrar todos os limites. Quanto mais ele quebra limites, mais insaciável se
torna. Ninguém nasce homossexual. É a promiscuidade do ser humano.

ÉPOCA – É possível alguém deixar de ser homossexual?
Malafaia – Nossa igreja está cheia de gente que era homossexual. O cara não nasceu (homossexual). Se não
nasceu, amigo... Ninguém nasce homossexual. É uma opção, por uma série de elementos: ou porque foi violentado,
ou porque escolheu por modelo de imitação. O ser humano vive por modelo de imitação.

ÉPOCA – E como se dá essa reversão?
Malafaia – Meu filho, essa reversão é o cara voltar a ser macho e a mulher voltar a ser fêmea. Dar forças para o cara
vencer isso. Acredito no poder do Evangelho para transformar qualquer pessoa, inclusive homossexuais.

ÉPOCA – Qual é sua opinião sobre os casos de violência contra homossexuais?
Malafaia – Vou te dar alguns numerozinhos para a gente poder desfazer essa conversinha fiada para boi dormir.
Os números é que vão dizer: no ano passado, 50 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, e 260 eram homossexuais.
Que índice é esse para dizer que o Brasil é um país homofóbico? Outro número: mais de 300 mulheres foram
assassinadas por violência doméstica em 2010, mas ninguém fala nada. Mais de 100 crianças são assassinadas
ou violentamente espancadas por dia, e ninguém fala nada. Sabe por quê? É porque por trás das editorias dos
jornais, da televisão existe uma bicharada desgramada que dá toda essa ênfase para eles. Não quero que ninguém
morra, amigo, mas o índice (de mortes de homossexuais) é insignificante para a violência que acontece no Brasil.
Então, esse é um apelo de propaganda para eles (gays) poderem ter benefícios em detrimento do conjunto da
coletividade social. Essa daí é velha, e eu não sou otário. Sei pesquisar os números, e a imprensa não dá os
números. Tem mais heterossexual que homossexual sendo assassinado. Você sabe o que é homofobia para
os homossexuais? Olhar com cara feia para um gay é homofobia. Não concordar com a prática deles é homofobia.
Uma coisa é criticar a conduta, outra é discriminar pessoas. Tudo para eles é homofobia. Essa é a malandragem
deles, e eu não caio nessa.

"No ano passado, 50 mil pessoas foram assassinadas no
Brasil – e 260 eram homossexuais. É um índice insignificante para dizer que o Brasil é um país homofóbico"

]ÉPOCA – Os ativistas homossexuais são heterofóbicos?
Malafaia – Acho que eles são uns malandros que ganham verba dos governos federal, estadual e municipal para
fazer esse papel. São uns malandros oportunistas faturando em cima da grana que as ONGs deles recebem. Essa
é a verdade nua e crua. Não é pouca grana, não. E ninguém fala disso. Os ativistas homossexuais são pagos para
esse serviço podre que fazem de chamar todo mundo de homofóbico.

ÉPOCA – O que fazer com o comportamento homossexual?
Malafaia – O comportamento homossexual é um direito que a pessoa tem. O direito de ser é guardado pela
Constituição, pelo livre-arbítrio. Não quero que ninguém seja eliminado. Critica-se presidente da República,
critica-se pastor, padre, deputado, mas não pode criticar uma prática? Em hipótese alguma. Querer eliminar homossexual
é homofobia. Não quero isso. Quero discutir com um homossexual e poder dizer que sou contra a prática dele, assim
como os gays podem me dizer que são contra a prática dos evangélicos. Isso é democracia.

ÉPOCA – O que o senhor acha das críticas feitas ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) (político contrário às
leis que criminalizam a homofobia)?
Malafaia – Você vai ver o Jair Bolsonaro nas póximas eleições. Ele vai ter três ou quatro vezes mais votos que
recebeu na eleição passada. A sociedade brasileira é conservadora, 90% da população é cristã. Desses 90%, os
evangélicos e católicos praticantes são 70%. Nós somos maioria absoluta neste país, amigo. Pergunto: qual é o
deputado gay que teve uma votação expressiva? Esse Jean Wyllys (deputado federal do PSOL-RJ) entrou na sobra
de legenda, com 13 mil votos, pendurado num cara (o deputado Chico Alencar, do PSOL, segundo mais votado do
Estado). É o mais famoso dos gays e não tem voto, não tem porcaria nenhuma.

ÉPOCA – Como o senhor reagiria se um de seus filhos ou netos dissesse que é gay?
Malafaia – Vou melhorar tua pergunta, aprofundá-la. Se algum filho meu fosse assassino, se algum neto meu fosse
traficante, se algum filho meu fosse um serial killer e tivesse esquartejado 50, continuaria o amando da mesma forma,
mas reprovando sua conduta. Meu amor por uma pessoa não significa que apoio o que ela faz. Daria o Evangelho
para ele, diria que Jesus transforma, que ele não nasceu assim, que é uma opção dele.

fonte: epoca

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